É
comum se ouvir pelos confins da internet que o feminismo radical é
“materialista”, é fácil duvidar dessa afirmação quando a
frase seguinte é “se você não é radical você é liberal e
idealista” ignorando as próprias feministas marxistas que a
princípio seriam aquelas a quem o termo mais se aproximaria. Nota-se
que feministas radicais mal sabem o que significa materialismo,
provavelmente a ideia vem de um senso comum, tanto referente ao
materialismo quanto ao próprio marxismo.
Quando
os marxistas falam de classe, de condições socioeconômicas e
coisas afins, nos passa inicialmente uma impressão de que estão
falando de coisas objetivas que não dependem de interpretações
subjetivas e teorias abstratas para fazer-se a análise. Ora, classe
é algo concreto, você nasce em determinada classe, em determinado
bairro, recebe determinado salário para viver, veste determinadas
roupas, tudo isso pode ser quantificado e essa quantificação
naturalmente nos passa uma sensação de certa segurança e certeza
sobre o nosso objeto de estudo. Esse senso comum que liga
quantificação ao materialismo faz com que pessoas que queiram
transparecer uma atmosfera de “cientificidade” ou “objetividade”
usem o termo materialismo sem entender exatamente o que ele
significa, como por exemplo dizer que a sua teoria é “materialista”
pois ela não se preocupa com aspectos considerados subjetivos da construção da
opressão baseada em gênero, pois a sua teoria vê que a opressão
de gênero está relacionada a aspectos biológicos e concretos que
não são (supostamente) passíveis de múltiplas interpretações.