segunda-feira, 15 de julho de 2019

Racismo e os limites do feminismo radical - Parte 2

Artigo de Lindsay Murph e Jonathan Livingstone, publicado originalmente na revista Race & Class em 1985, traduzido para o nosso blog em 2019. 


Este texto foi escrito em 1985, então é de se esperar que esteja contextualizado em sua época. 

O que está entre aspas () são as notas, o que está entre colchetes [] são as referencias.

Racismo e os limites do feminismo radical - Parte 1

Artigo de Lindsay Murph e Jonathan Livingstone, publicado originalmente na revista Race & Class em 1985, traduzido para o nosso blog em 2019. 

Este texto foi escrito em 1985, então é de se esperar que esteja contextualizado em sua época. 


O que está entre aspas () são as notas, o que está entre colchetes [] são as referencias


sexta-feira, 5 de julho de 2019

Os problemas do "Modelo Nordico"

As rads costumam defender bastante o chamado modelo nórdico de combate a prostituição. A proposta deste modelo é que ele seria humanizado, não criminalizando trabalhadoras do sexo, mas sim seus compradores e quem quer que lucre com o trabalho fora a trabalhadora. Dessa forma focaria muito mais em combater a demanda do que a oferta, e em complemento haveriam programas para retirar mulheres da situação de prostituição.

A triste verdade é que este modelo continua servindo para perseguição de trabalhadoras do sexo e sua desumanização.

terça-feira, 16 de abril de 2019

Pessoas trans no esporte


Texto de Yuna Vitória


Eu não ia me posicionar sobre a polêmica da jogadora Tiffany que foi reacendida recentemente, fervendo de forma bastante sensacionalista, como de praxe, o debate sobre o acesso de pessoas trans ao esporte. Não o faria por considerar a discussão escusa, pouco produtiva e extremamente cansativa, uma aplicação de energia que reage a miradas cisnormativas cotidianas e superficiais, mas diante do número de pessoas que me procuraram com dúvidas sobre o assunto, muitas extremamente queridas, e pensando no compromisso - e responsabilidade - do meu ativismo, resolvi fazê-lo.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

O mito da fêmea e a suposta mulher universal. O que a terceira onda e os movimentos de direitos civis nos ensinaram sobre isso.

Mas qual o problema da determinação de mulher como toda a fêmea humana adulta ou toda fêmea humana domesticada?

A origem da opressão de gênero

Primeiramente, o que é uma mulher? 

Estaria esta definição da origem da opressão marcada na diferença genital e no "destino reprodutivo" ou na construção feita ao redor deste destino cuturalmente em nome de uma superioridade de uma das categorias, e de uma divisão do trabalho específica ocidental e européia?

Pense na metade do século vinte. Ali, naquele momento, Simone de Beauvoir quando escreve seu célebre Segundo Sexo faz uma série de assumpçòes a respeito de porque a hierarquia de gênero teria sido criada e mantida. Seus argumentos passam pela filosofia e pelos mitos. Por grandes filósofos e pais da medicina e da filosofia política definindo mulheres como homens imperfeitos. Depois se concentra nos pensadores que fizeram questão de apontar as diferenças biológicas que afetariam o caráter feminino a ser talhado para o cuidado e para a servidão, não para o proetagonismo de si. E define que num mundo em que a ontologia do saber inclui o homem como universal, a mulher seria o seu outro. A própria autora cai em algumas generalizações corporais e deterministas biológicas a respeito da natureza física e moral de pessoas com útero e define algumas características de fraqueza e de força com base nessas generalizações e ainda compara naturezas diferentes de opressão da mulher submissa e domesticada, ao negro domesticado, ao outro racial do humano universal, o homem. 

sábado, 2 de fevereiro de 2019

O problema de se excluir mulheres trans e travestis

O feminismo radical, junto de grupos conservadores, é o principal difusor da ideia de que mulheres transexuais são homens tentando se infiltrar em espaços femininos, com o principal objetivo de assediar e estuprar mulheres, e com a missão secundária de exercer controle sobre esses espaços.

Essa ideia é explicitamente transfóbica, primeiramente ao entender mulheres transexuais como homens, segundo ao pintar travestis e mulheres trans como assediadoras, estupradoras e controladoras - consequência da mesma negação da feminilidade das mulheres trans e travestis. Não se pretende neste momento entrar na discussão sobre o que torna alguém mulher ou homem. Partimos do principio de que mulheres trans são mulheres, e em outro texto se tratará a questão.


O feminismo radical é materialista?

É comum se ouvir pelos confins da internet que o feminismo radical é “materialista”, é fácil duvidar dessa afirmação quando a frase seguinte é “se você não é radical você é liberal e idealista” ignorando as próprias feministas marxistas que a princípio seriam aquelas a quem o termo mais se aproximaria. Nota-se que feministas radicais mal sabem o que significa materialismo, provavelmente a ideia vem de um senso comum, tanto referente ao materialismo quanto ao próprio marxismo. 

Quando os marxistas falam de classe, de condições socioeconômicas e coisas afins, nos passa inicialmente uma impressão de que estão falando de coisas objetivas que não dependem de interpretações subjetivas e teorias abstratas para fazer-se a análise. Ora, classe é algo concreto, você nasce em determinada classe, em determinado bairro, recebe determinado salário para viver, veste determinadas roupas, tudo isso pode ser quantificado e essa quantificação naturalmente nos passa uma sensação de certa segurança e certeza sobre o nosso objeto de estudo. Esse senso comum que liga quantificação ao materialismo faz com que pessoas que queiram transparecer uma atmosfera de “cientificidade” ou “objetividade” usem o termo materialismo sem entender exatamente o que ele significa, como por exemplo dizer que a sua teoria é “materialista” pois ela não se preocupa com aspectos  considerados subjetivos da construção da opressão baseada em gênero, pois a sua teoria vê que a opressão de gênero está relacionada a aspectos biológicos e concretos que não são (supostamente) passíveis de múltiplas interpretações.